A ascensão da Death Tech: O que o futuro da morte, pós-morte e vida após a morte digital nos reserva.
Written by Andrea Pinto: Trend Research & Insights para @born_lab
Todo ano, a mesma coisa, chega fevereiro e me pego lembrando da minha mãe, em razão do seu aniversário no dia 27, só que esse ano foi diferente, me dei conta que agora em 2023, fará 10 anos que minha mãe fez sua passagem. Entre um mix de nostalgia e melancolia fui arrastada a um turbilhão de pensamentos e nesse emaranhado chamado pensar, acabei usando meu lado profissional e fui pesquisar sinais sobre o que o universo das tendências teria para me falar sobre esse assunto e me deparei com algumas coisas curiosas, intrigantes e até mesmo fascinantes…como vocês poderão entender melhor até o final deste texto.
A real é que morte costuma ser um assunto desconfortável, mas como parte inevitável da vida, acredito eu que deveria ser algo com o qual estivéssemos acostumados a conversar mais abertamente, e quem sabe encontrar conforto nessa troca.
‘A única certeza que temos é a morte’, era uma frase que minha mãe repetia em inúmeras situações. No entanto, mesmo tendo ciência disso, esse tema — a morte, a passagem ou como você costuma chamar — sempre foi um assunto que eu (e creio que uma grande parcela de pessoas) se acostumou a colocar debaixo de um tapete em um cômodo isolado de casa.
O fato é que a morte de um amigo ou familiar pode ser uma das experiências mais traumatizantes na vida de alguém. Quando se está de luto, a última coisa que se quer fazer é lidar com os assuntos do ‘pós-morte’, um processo extremamente estressante, desagradável e caro em meio a um período de turbulências emocionais.
Ao perder alguém, você percebe que nossa sociedade não está pronta para falar sobre o assunto e que discutir aspectos que permeiam esse tema ainda é um grande tabu em nossa cultura. (confesso que nesse aspecto, admiro os mexicanos, que celebram a vida na hora da morte)
Atualmente, além dos detalhes da escolha para esse momento tão delicado de despedida, há uma nova questão que há anos atrás não existia; como lidar com os ativos digitais, como mídias sociais, álbuns de fotos virtuais, neo bancos e criptomoedas etc e tal…
Nos tempos atuais, a tecnologia se faz presente permeando todos os aspectos de nossas vidas, portanto faz sentido que ela também nos ajude na experiência emocional e traumática da morte.
Obviamente, todo esse assunto — tecnologia e morte, não passaria despercebido pelo mercado.
Surge um campo emergente que busca melhorar a forma como lidamos com o fim da vida. Esse campo, chamado de ‘tecnologia da morte ou do luto’ (Death Tech ou Grief Tech), está crescendo rapidamente. Surgem cada vez mais startups que oferecem ajuda nesse momento difícil. Muitas dessas startups estão introduzindo ferramentas digitais que ajudam as pessoas a enfrentar o luto. Elas abordam o tema da morte de maneiras novas, mais compreensivas e ainda ambientalmente sustentáveis.
As startups de tecnologia estão evoluindo para enfrentar desafios importantes. Elas ajudam as pessoas a se prepararem para a morte, aliviando o peso emocional dos que ficam e permitindo que familiares e entes queridos vivenciem o luto de forma mais tranquila. Além disso, essas tecnologias podem oferecer cuidados paliativos aos pacientes (ainda em vida), permitindo que eles comuniquem seus desejos finais aos seus entes queridos com algum conforto enquanto ainda estão vivos.
Confesso que fiquei bastante intrigada com os dados iniciais da minha pesquisa. É impressionante como a falta de espaços funerários se tornou um problema global nos dias de hoje. Voltemos ao ano de 1950, quando havia apenas 2,5 bilhões de pessoas no mundo e uma abundância de áreas disponíveis para enterros. No entanto, com o crescimento da população para cerca de 8 bilhões de pessoas atualmente, a disponibilidade de espaços diminuiu drasticamente. Isso nos leva a repensar as tradições funerárias e buscar alternativas como a cremação, hidrólise alcalina ou até mesmo a compostagem humana. É incrível como nunca havia parado para refletir sobre essa realidade, mesmo vivendo em São Paulo e conhecendo apenas quatro cemitérios em toda a cidade.
Outro fato curioso é que o impacto ambiental da indústria funerária tornou-se uma preocupação cada vez maior devido às controvérsias em torno dos impactos socioculturais e ambientais dos procedimentos realizados após a morte.
Impactos da morte no meio ambiente
Se há algo que nos preocupa profundamente nos dias de hoje, é o tema das mudanças climáticas e todas as consequências que elas acarretam. Estamos cada vez mais conscientes de como o meio ambiente nos mostra, de maneira alarmante, os possíveis sofrimentos que nos aguardam num futuro próximo. E quando se trata da morte, percebemos que os métodos tradicionais de sepultamento têm um impacto prejudicial no planeta em várias frentes.
O embalsamamento, por exemplo, retarda a decomposição do corpo de uma pessoa para que ele seja apresentável em um funeral — mas após o enterro, os produtos químicos usados para preservar o corpo afetam o solo.
Os caixões exigem enormes quantidades de madeira e metal, e os cemitérios muitas vezes constroem suportes de concreto no solo para protegê-los. Mesmo a cremação requer muito combustível e gera milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono por ano.
De acordo com estatísticas da Cremation Association of North America, é previsto que o número de pessoas optando pela cremação ao invés do enterro aumente para 71% nos próximos 10 anos. Por que então não começarmos a aceitar opções “mais sustentáveis” para o momento de partida?
Segundo dados do estudo A Lei dos Mortos: Uma Revisão Crítica da Lei do Enterro, com vistas ao seu Desenvolvimento, até a década de 2010, as únicas opções legalmente estabelecidas para o destino final dos restos mortais de uma pessoa após seu falecimento eram a cremação e o enterro.
Porém, o impacto que os caixões tradicionais causam no meio ambiente levou ao advento de novas tecnologias que oferecem às pessoas alternativas aos caixões tradicionais. Com o surgimento de novas tecnologias para esse mercado crescem as alternativas ecológicas, algumas startups de tecnologia da morte oferecem maneiras de reduzir os impactos tóxicos de rituais pós-morte.
Por exemplo, devido à liberação de grandes quantidades de dióxido de enxofre (SO2), compostos voláteis, óxidos de nitrogênio e outros poluentes do combustível usado para queimar, existem preocupações ambientais sobre a cremação, que inclusive pode ser extremamente prejudicial aos trabalhadores dos crematórios que são expostos a essas toxinas.
Pensando nisso algumas startups de Death Tech preocupadas com essas informações se esforçaram para reduzir a pegada de carbono da cremação de fogo…
A Aquamation International uma startup australiana, utiliza um método ecologicamente correto para a cremação chamado hidrólise alcalina. É um método de cremação que libera menos de um décimo do dióxido de carbono da cremação de fogo.
Já a visão da startup sueca Promessa, gira em torno da ideia de combinar inovação biológica e tradição, apresentando uma forma mais digna e ética de ser enterrado ou cremado gerando um impacto significativamente menor no meio ambiente.
A Recompose é uma das startups pioneiras nos Estados Unidos, juntamente com outras duas empresas importantes, a Herland Forest e a Return Home. Essas empresas oferecem a compostagem humana como uma alternativa à cremação, proporcionando uma grande vantagem para o meio ambiente. A prática de compostagem humana permite que as famílias transformem os corpos de entes queridos falecidos em solo utilizável para o cultivo de árvores. Isso representa uma maneira sustentável e significativa de honrar a memória dos falecidos, promovendo a renovação e o crescimento da natureza.
Para as pessoas com uma mentalidade mais holística esse tipo de alternativa nos lembra que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos e o ato de retornar organicamente à terra, juntando os elementos de nossos corpos à mãe natureza é uma maneira de integrar o círculo da vida.
Um dado a nível de curiosidade, mundialmente, Washington foi o primeiro estado a permitir que os humanos se transformassem em adubos sendo seguido por outros estados americanos. No Brasil, esse processo ainda não existe e há uma escassa discussão sobre o tema. Ainda há muito a ser debatido, especialmente em relação aos aspectos culturais e religiosos.
Outra empresa que transforma rituais postmortem em atos ecologicamente corretos é uma startup com sede em Barcelona, Bios Urn oferece uma alternativa mais verde para urnas de cremação. Fundada em 2013, desenvolveu a primeira urna sustentável e plantável do mundo. Cada urna contém um compartimento para cápsulas para adicionar uma semente ou muda de sua preferência. Se você não tem um jardim, não se preocupe, há também o Bios Incube® Lite, um produto de jardinagem que permite cultivar uma árvore usando os restos mortais de um ente querido em sua própria casa.
Outra opção é usar um traje funerário biodegradável chamado Infinity Burial Suit criado por uma empresa “funerária verde” a Coeio. O traje é feito de cogumelos e outros microorganismos que auxiliam na decomposição do corpo. Segundo a empresa, o resultado final é que os corpos são transformados em nutrientes vitais que enriquecem a terra e promovem uma nova vida. Esse traje funerário foi co-criado com o estilista de desperdício zero Daniel Silverstein e outro fato curioso (uma coisa meio Sheldon Cooper): Luke Perry, o Dylan da série Beverly Hills, 90210, foi enterrado usando um desses trajes.
“O Infinity Burial Suit começou como uma provocação artística que estreou em um desfile de moda. Agora é um produto comercial que está mudando nossas atitudes culturais em relação à morte e ao morrer.” — Jae Rhim Lee, fundador/CEO da Coeio
Eterneva, outra startup de death tech de Austin acredita que precisamos de uma maneira positiva de manter quem amamos por perto, e por isso eles transformam as cinzas da cremação em diamantes personalizados. Para as pessoas com mais apego e amantes da beleza eterna de uma joia, ter uma lembrança com alma, pode ter um lindo significado e muito bem precificado.
Já a empresa And Vinyly, transforma as cinzas cremadas em um disco de vinil para você oferecer essa lembrança a seus entes queridos, podendo deixar gravações de uma mensagem pessoal com sua última vontade ou testamento, ou até mesmo sua própria trilha sonora ou quem sabe apenas o som do silêncio.
Existem outros problemas com a mortalidade que as startups estão tentando ajudar a resolver: O que acontece com nossos ativos digitais no pós morte?
A GoodTrust ajuda indivíduos e famílias que perderam alguém a proteger e preservar sua presença e memória digital. A plataforma digital é legalizada e segura para administrar seus sites, mídias sociais, contas online e documentos com função de compartilhamento fácil para o momento presente ou para quando você falecer.
A Guardadoria, é uma plataforma brasileira criada neste ano que se dedica ao planejamento para o futuro, abordando a temática da finitude humana. Seu propósito é incentivar a reflexão sobre esse tema por meio da preservação de memórias e documentos significativos, oferecendo serviços como testamento digital, criação de holding familiar, memorial de autobiografias e assistência profissional abrangente em questões práticas, patrimoniais e emocionais.
Fabricio Santana, o criador da Guardadoria, destaca que a forma como a morte é encarada difere entre culturas. Enquanto europeus e americanos possuem abordagens distintas, os latinos têm o costume de bater na madeira três vezes ao mencionar o assunto. Segundo Santana, é crucial reverter essa situação no país para evitar mais conflitos familiares e perdas patrimoniais.
Unindo se a essa série de empresas, o aplicativo de “aconselhamento” Everdays, com sede em Detroit, permite que as pessoas assumam o controle de seu planejamento de fim de vida muito antes de morrerem comprando seu próprio funeral com antecedência, tudo de forma prática e online.
A Inheriti visa proteger o legado digital de uma pessoa falecida ou incapacitada e garantir que sua família ou partes interessadas possam obter acesso quando necessário. Uma combinação de blockchain, contratos inteligentes e hardware patenteado oferece uma proteção significativa à herança de seus entes queridos.
A empresa Clousure, sediada na Holanda, oferece um serviço para cancelar assinaturas, contratos e contas de pessoas falecidas. Eles utilizam um software baseado em inteligência artificial para verificar o atestado de óbito. Em seguida, uma notificação padronizada é gerada e enviada para as organizações pertinentes (como bancos, governo, estado..entre outros)
Com um vibe meio Upload (a série), a HereAfter AI, uma empresa com sede nos Estados Unidos que permite que as pessoas carreguem suas memórias, que serão transformadas em um “avatar de história de vida” que poderão se comunicar com amigos e familiares. Ao invés de usar a pegada digital que as pessoas deixam para trás — e todos os dilemas éticos que isso gera — o modelo da HereAfter AI depende exclusivamente do consentimento dos usuários, que devem optar por ser entrevistados e podem escolher com quem compartilharam seu “avatar da história de vida”.
Preservar memórias e repassar heranças é um desejo humano inato que é evidente em tudo, desde artefatos antigos até a arquitetura, por isso não é surpresa que as empresas de tecnologia estejam procurando novas maneiras de avançar e elevar esse processo.
Em outubro do ano passado, aconteceu pela primeira vez na Austrália a conferência Redesigning Deathcare, que convidou seus participantes através de contribuições de diversas perspectivas a imaginar e construir coletivamente um sistema holístico de cuidados com a morte.
A conferência foi aberta a todos que tivessem interesse em participar: artistas, acadêmicos, profissionais de cuidados com a saúde e com a morte, governo, grupos comunitários, ONGs, jornalistas e muito mais. Foram variados os tipos de contribuições no evento em vários formatos: apresentações, pôsteres, mesas redondas, palestras, sessões de networking acadêmicas/industriais e vitrines artísticas. No site deles, vocês poderão conferir um pouco mais sobre o que rolou por lá e pra quem se interessar quem sabe ajudá-los a responder: Como podemos reimaginar o futuro dos cuidados com a morte?
Da ressurreição digital a imortalização, viver além da morte através de pós vidas digitais, alguns spoilers de amostras tecnológicas da ficção;
Em Black Mirror, o episódio “Be Right Back” explora o tema do luto onde a personagem paralisada pela dor da dor da perda, encomenda uma tecnologia que produz um avatar robótico, com o uso de inteligência artificial, do seu falecido namorado. O que acontece a seguir levanta questões fundamentais sobre as coisas que a tecnologia não pode replicar ou substituir.
Em Upload, a série nos mostra uma perspectiva de futuro de um mundo pós morte. Imagine morrer e ter a garantia de que a eternidade lhe espera em um ambiente de realidade virtual, como se o Game Not Over. Na série, a ideia é de que sua consciência pode ser carregada, que você pode viver num luxuoso local onde você não apenas pode fazer qualquer coisa e onde você também consegue interagir com os que ainda estão vivos através de uma linha telefônica. A memória de uma pessoa poderá ser arquivada na nuvem, e sua pós-vida transformada num reality show online melhorado com a ajuda da tecnologia, dependendo do quanto você pode investir.
No imaginário dessa narrativa, os paraísos para o qual as pessoas são transportadas funcionam como serviços de assinatura de empresas. Quanto mais caro você paga, mais benefícios pós-vida você tem, assim como é possível adquirir itens dentro do “jogo” também.
Segundo o autor Greg Daniels; “Quando você pensa no valor que grandes empresas capitalistas de tecnologia irão cobrar por experiências após a morte, você percebe o quão sem esperança nós estamos.”
Seres humanos às vezes tentam ser DEUS
E se a morte não puder ser vencida, mas adiada?
Apesar de ser uma certeza assim que se nasce, o ser humano sempre tentou burlar a mortalidade. Ao longo da história aconteceram diversas tentativas principalmente em séries e filmes que adoram abordar o tema.
Algumas pessoas vão um passo além e pagam fortunas para congelar seus corpos depois que morrerem. A animação suspensa e a criogenia são dois dos métodos usados para preservar os corpos até que possam ser reanimados. A criogenia, faz o processo de resfriamento de corpos com nitrogênio líquido até atingir os -196ºC. A esperança é de que a ciência, no futuro, seja capaz de trazer corpos preservados de volta à vida.
Uma corrida silenciosa permitida somente há alguns bilionários — a busca por uma fonte da vida eterna.
Peter Thiel, bilionário e cofundador do PayPal, disse que será congelado e preservado quando morrer para que tentem revivê-lo no futuro. Apesar de ter se inscrito para o congelamento, Thiel diz não acreditar que a tecnologia vá funcionar.
Outro bilionário excêntrico, Don Laughlin, um empresário do ramo de jogos de azar (leia-se cassinos), já foi atrás de deixar seus restos mortais preservados após a morte, seu corpo será criopreservado a 360 graus negativos após sua morte até que ele possa ser revivido e curado de qualquer problema de saúde, tudo isso por míseros $ 5 milhões de dólares, somente para ter “uma chance melhor de voltar”. Ele também planeja levar com ele, no congelamento seu dinheiro e seus bens.
Já o bilionário russo e magnata da mídia Dmitry Itskov causou uma grande sensação no ano passado quando criou a Iniciativa 2045, que trouxe 30 dos principais cientistas russos a bordo para criar um centro de pesquisa internacional para estudar a imortalidade. Dmitry implorou a outros bilionários que comecem a financiar a “imortalidade cibernética e o corpo artificial”. Seu plano é transferir a consciência humana para um avatar controlado remotamente, ou um cérebro sintético — o que ele vê como o próximo passo na evolução humana.
A arte imita a vida ou…a vida imita a arte.
Na despedida final, você encararia o derradeiro momento e compareceria ao seu próprio funeral?
No ano passado, Marina Smith, uma mulher de 87 anos compareceu ao seu próprio funeral no Reino Unido graças a uma startup chamada StoryFile, que semelhante a startup HereAfter AI — grava imagens e áudio antes da morte de uma pessoa e depois o torna interativo por meio do poder da conversação através da AI e um avatar holográfico.
A explosão do ChatGPT acelerou o desenvolvimento de outras “tecnologias do luto”, incluindo sua integração ao modo “viver para sempre” do metaverso. O projeto da empresa Somnium Space espera criar uma versão do “você” digital para que você possa viver imortalmente dentro do metaverso (um conceito ainda a ser totalmente definido e que podia estar inserido em algum episódio do Black Mirror).
Embora esses avatares de IA certamente possam ser benéficos para o processo de luto, fornecendo um conforto durante um período turbulento, também existe o risco de que eles possam nos manter presos ao passado, incapazes de seguir em frente.
Paradigmas do Futuro da Death Tech
Em resumo: existem várias áreas em que a Death Tech está impactando ou pode impactar no futuro:
– Planejamento e preparação para a morte: através de apps e plataformas online que ajudam as pessoas a planejar e organizar seus desejos relacionados à morte, como testamentos, disposição de bens, preferências funerárias e até mesmo mensagens finais.
– Funerais digitais: A tecnologia possibilita a realização de funerais virtuais, nos quais as pessoas podem participar de cerimônias e prestar homenagens online, independentemente da sua localização geográfica. Isso pode incluir streaming de vídeo, salas de bate-papo para compartilhar memórias e até mesmo realidade virtual para uma experiência mais imersiva.
– Preservação de memórias: Há uma variedade de serviços que permitem às pessoas preservar suas memórias e histórias para as gerações futuras. Isso pode incluir a criação de álbuns digitais, diários online, armazenamento de fotos e vídeos, e até mesmo a criação de avatares virtuais que podem interagir com as pessoas após a morte.
– Luto e apoio emocional: Existem aplicativos e plataformas que oferecem suporte emocional para pessoas em luto, fornecendo recursos, aconselhamento e comunidades de apoio online. Essas ferramentas podem ajudar as pessoas a lidar com a perda, encontrar conforto e se conectar com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes.
– Disposição ecológica dos corpos: A preocupação com a sustentabilidade também está impactando a indústria funerária. Surgiram opções mais ecológicas, como o enterro em cápsulas biodegradáveis, cremação aquática, compostagem humana e até mesmo a transformação de cinzas em árvores.
É importante observar que a Death Tech está em evolução e nem todas as ideias e tecnologias mencionadas são amplamente adotadas ou legalmente aceitas em todos os lugares do mundo. Muitas delas enfrentam barreiras religiosas, crenças e tradições.
Além disso, a aplicação da tecnologia no contexto da morte e do luto levanta questões éticas e emocionais complexas, que precisam ser consideradas ao desenvolver e adotar essas soluções.
Mas uma coisa é fato:
A maneira como experimentamos a morte e o morrer mudará rapidamente nas próximas décadas, à medida que começarmos a ser mais perceptivos de como a tecnologia se entrelaça com a tanatología (estudo científico da morte) e a psicologia. Combinado com forças culturais e ideológicas, o cuidado e a tecnologia da morte seguirão uma trajetória muito interessante.
A discussão sobre o planejamento do fim da vida será mais onipresente e normalizada. Ao ser capaz de decidir como seus legados físicos e digitais serão tratados ou ter a oportunidade de planejar uma despedida mais significativa para si, o processo de morrer nos agrega um maior senso de responsabilidade e dignidade. Se a vida parece incontrolável e imprevisível desde o início, pelo menos o futuro nos permite ter alguma noção de controle sobre como ela termina.
A tecnologia da morte não é totalmente nova, mas, até o momento, a maioria das startups não conseguiu derrubar tradições de longa data. A pandemia acelerou uma mudança de atitude, e mais pessoas acreditam que se preparar para morrer bem depois é essencial para viver bem agora.
Outro fato é bem claro, nenhuma forma de tecnologia da morte poderá aliviar a dor de perder um ente querido. Essas tecnologias permitem que os vivos honrem a memória de quem foi.
“A tecnologia não pode prometer acabar com a dor, mas pode segurar sua mão durante o processo [e oferecer] orientação no terreno muitas vezes desconhecido do luto.” diz David Kessler, CEO e co-fundador de uma das startups de Death Tech, a Empathy
A indústria da tecnologia da morte pode ter um nome sombrio, mas está repleta de vida e movida pelo amor.
Nota: Como coolhunter, sempre faço uma espécie de uma grande colcha de retalhos com os mais diversos tipos de sinais sobre o mesmo tema, para complementar essa leitura e amplia repertório acho que vale a pena dar uma olhadinha no relatório ONNA, do pessoal aqui da The Ugly Lab e dedicar uma uma atenção a certos grupos comportamentais; dos espiritualizados aos laicos e teocratas, passando pelos descentralizadores de moeda, indo até o grupo de saúde e bem estar, fazendo um link com os regenerativos e os adoradores de startups. Com certeza sua cabeça irá fervilhar de pensamentos, opiniões e ideias.
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